A infertilidade sem causa aparente (ISCA) é uma situação complexa em que casais enfrentam dificuldades para conceber, mesmo após manter relações sexuais frequentes (2-3 vezes por semana) sem proteção durante 12 meses de tentativas, e todos os exames apresentarem resultados normais. Isso acontece mesmo quando a mulher possui ciclos menstruais regulares e os exames, como ultrassom transvaginal, avaliação das tubas e espermograma, não mostram anomalias. Surpreendentemente, até 30% dos casais que enfrentam problemas de infertilidade podem ser diagnosticados com infertilidade sem causa aparente.

Avaliação e diagnóstico da ISCA

Para estabelecer o diagnóstico de ISCA, é fundamental passar por uma avaliação completa, que inclui consultas médicas, exames clínicos e de imagem. Além disso, é importante que o casal mantenha pelo menos duas relações sexuais desprotegidas durante o período ovulatório.

Reserva ovariana e idade

A avaliação da reserva ovariana, ou seja, a quantidade de óvulos disponíveis, pode auxiliar o casal na decisão de esperar um pouco mais ou optar por tratamentos de reprodução assistida, levando em consideração a idade da mulher. Contudo, é importante ressaltar que mulheres com indicadores de reserva ovariana mais baixa ainda têm chances equivalentes de concepção natural em comparação com aquelas com níveis normais. Testes como dosagem de AMH, contagem de folículos antrais e níveis de FSH não podem prever com precisão as chances de concepção natural, mas podem orientar futuros tratamentos.

Exames complementares

Para mulheres com ciclos menstruais regulares, realizar testes de reserva ovariana não é estritamente necessário para entender a causa da infertilidade ou prever a probabilidade de concepção natural ao longo de 6 a 12 meses. Outros exames menos relevantes não fazem parte da rotina de investigação e devem ser realizados apenas em caso de sintomas ou achados clínicos relevantes. Avaliações como histeroscopia, videolaparoscopia diagnóstica, fragmentação do DNA espermático e biópsia de endométrio também podem ser recomendadas, mas não são parte do processo rotineiro de investigação. Por outro lado, a avaliação da função tireoidiana é sempre importante, pois alterações na tireoide podem afetar o tempo para engravidar e aumentar o risco de aborto. Em alguns casos, a doença celíaca pode ser investigada, especialmente se houver sintomas.

Peso e estilo de vida

No que diz respeito ao peso, embora a ligação direta com a ISCA seja limitada, é sabido que tanto o peso muito baixo quanto o muito alto podem prejudicar as chances de concepção.

Quando considerar tratamento para ISCA?

A decisão de buscar tratamento depende de diversos fatores e deve ser tomada em conjunto entre o casal e o médico, considerando o prognóstico específico do casal. Fatores como a idade da parceira, a duração da infertilidade, o número de filhos desejados, gravidezes anteriores ou tratamentos prévios sem sucesso são elementos cruciais para tomar uma decisão informada.

Tratamento inicial para ISCA

A primeira abordagem no tratamento da ISCA é a indução da ovulação utilizando medicamentos por via oral, como letrozol ou citrato de clomifeno, em combinação com inseminação intrauterina. Em situações com fatores de mau prognóstico (idade, reserva ovariana, duração da infertilidade), a fertilização in vitro (FIV) pode ser considerada, inclusive para casais que não obtiveram sucesso após três tentativas de inseminação intrauterina.

Tratamentos adjuvantes

Fatores que contribuem para uma melhor qualidade de vida, como a prática regular de exercícios físicos, uma alimentação saudável e apoio psicológico, beneficiam todos os casais que estão tentando engravidar. No entanto, o uso de medicações adjuvantes ainda não demonstrou benefícios significativos na melhoria das taxas de gravidez.

Lembre-se de que cada situação é única. Se você está enfrentando a infertilidade sem causa aparente, é essencial consultar um profissional de saúde para receber orientações adequadas e individualizadas, levando em consideração seu histórico médico e circunstâncias pessoais. O apoio emocional e o acompanhamento contínuo são igualmente importantes durante esse processo desafiador.