
Entenda mais sobre a Fertilização In Vitro (FIV)
A fertilização in vitro (FIV) representa uma conquista notável da medicina reprodutiva, oferecendo esperança e realização para muitos casais e indivíduos que enfrentam desafios de fertilidade. Desde o primeiro nascimento resultante da FIV em 1978 no Reino Unido, essa técnica avançou de maneira significativa em diversas etapas, incorporando inovações como a técnica de vitrificação, aprimoramento dos meios de cultura, o uso do time-lapse e a biópsia embrionária.
A Fertilização in Vitro consiste em fertilizar os óvulos com os espermatozoides em um ambiente ambulatorial e controlado. Os embriões são cultivados fora do corpo da mulher e, posteriormente, transferidos ao útero. Quando há sucesso em sua realização, um ou mais deles podem resultar em uma gestação bem-sucedida.
A FIV é recomendada em diversas situações, incluindo:
- Infertilidade sem causa aparente.
- Distúrbios de ovulação.
- Bloqueio ou danos nas tubas uterinas.
- Endometriose.
- Alterações espermáticas, como baixa motilidade, baixa concentração, azoospermia, entre outras.
- Baixa reserva ovariana.
- Histórico de aborto de repetição.
- Doenças genéticas.
- Casais homoafetivos e gestação independente.
- Casos de falhas em outras técnicas de reprodução assistida.
A jornada da FIV envolve diversas etapas:
- Avaliação Clínica: Antes do início do estímulo ovariano, o casal passa por exames detalhados para investigar a causa da infertilidade. Essa avaliação inclui, entre outros exames, a análise da reserva ovariana da mulher, que é crucial para estimar o potencial de resposta ovariana às medicações. Esta avaliação é feita através da contagem de folículos antrais por ultrassom transvaginal ou com a dosagem do hormônio anti-Mülleriano. O espermograma também é essencial para determinar a qualidade do sêmen e a programação do tratamento.
- Estimulação Ovariana: Durante o ciclo menstrual, são administradas medicações contendo hormônios, como FSH e LH, para estimular o crescimento de múltiplos folículos ovarianos. O período de estimulação ovariana dura, em média, cerca de 10 a 13 dias. O acompanhamento do desenvolvimento folicular é feito por meio de ultrassonografias transvaginais.
- Coleta de Óvulos: Os óvulos são coletados através de um procedimento conhecido como punção folicular, realizado sob anestesia, nas instalações da clínica de fertilização in vitro. A aspiração dos folículos é conduzida por uma agulha fina e guiada por ultrassonografia transvaginal. A quantidade de óvulos coletados pode variar de acordo com a resposta individual da paciente.
- Coleta de Espermatozoides: Simultaneamente, o esperma do parceiro ou de um doador é coletado e processado para a fertilização. Amostras de sêmen congeladas previamente também podem ser descongeladas e preparadas para o procedimento.
- Fertilização: A fertilização dos óvulos é realizada em laboratório, podendo ser conduzida através da FIV clássica ou da técnica de injeção intracitoplasmática de espermatozoides (ICSI). A escolha entre essas abordagens depende das circunstâncias específicas e é determinada pela equipe de embriologistas.
- Cultura de Embriões: Os embriões resultantes da fertilização são cultivados em laboratório por vários dias, geralmente de 3 a 5, durante os quais são monitorados quanto ao seu desenvolvimento. No quinto ou sexto dia de desenvolvimento, os embriões atingem o estágio de blastocisto, quando serão congelados ou transferidos para o útero da paciente, conforme a programação médica. Nesse momento, a classificação morfológica dos embriões auxilia na seleção dos que serão transferidos.
- Biópsia Embrionária: Em casos de indicação de análise genética dos embriões, a biópsia é realizada entre o quinto e sexto dia de desenvolvimento embrionário. Os resultados desse processo podem levar até 15 dias para serem liberados. Após a biópsia, a transferência embrionária ocorre em um ciclo subsequente, seguindo o preparo endometrial ou o monitoramento do endométrio em ciclos naturais. Essa abordagem também é recomendada para pacientes com risco de síndrome de hiperestimulação ovariana, evitando potenciais complicações.
- Transferência de Embriões: A transferência dos embriões é conduzida com o auxílio de um cateter delicado, guiada por ultrassonografia pélvica. O procedimento é geralmente confortável e não causa desconforto significativo à paciente. A decisão sobre o número de embriões a serem transferidos depende de diversos fatores, como a idade da mulher e a qualidade dos embriões. No Brasil, as diretrizes do Conselho Federal de Medicina recomendam o seguinte: transferência de no máximo dois embriões para mulheres com até 37 anos, até três embriões para mulheres com mais de 37 anos e, em caso de embriões euploides (biopsiados), até dois embriões, independentemente da idade. Entretanto, na maioria dos casos o ideal é a transferência de apenas um embrião. Em casos de doação de óvulos, a idade da doadora no momento da coleta é considerada.
- Acompanhamento e Teste de Gravidez: O primeiro teste de gravidez é realizado 9-11 dias após a transferência embrionária, permitindo a verificação da eficácia do procedimento. Após o resultado positivo, o acompanhamento inicial da gestação é realizado até 12 semanas, após isso o acompanhamento é feito com o obstetra.
A fertilização in vitro é uma técnica eficaz, embora o sucesso possa variar com base em diversos fatores, incluindo a idade da mulher, a qualidade dos óvulos e espermatozoides, entre outros. Em alguns casos, vários ciclos de FIV podem ser necessários para alcançar a gravidez desejada. Além disso, a jornada da FIV pode ser emocionalmente desafiadora, com níveis elevados de estresse e ansiedade.
Apesar dos desafios, a FIV continua a evoluir, tornando-se mais acessível e bem-sucedida. Com esperança e avanços contínuos, a FIV permanece como uma das técnicas mais impactantes da medicina reprodutiva, possibilitando a realização do sonho da maternidade para muitas pessoas.